segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

SUPERTAMP ■ Supertramp ■ 1970 ■ Inglaterra/Reino Unido [JAZZ-ROCK/ROCK PROGRESSIVO]

Eu já tinha contato com os ingleses do SUPERTRAMP devido ao seu famoso álbum "Paris de 1979", e para mim já era altamente satisfatório ouvir aquelas composições magistrais, como "Crime of the Century", "A Soapbox Opera", "Hide in you Shell', e tantas outras. Qual foi minha surpresa ao conhecer esse primeiro LP da banda com sonoridade totalmente diversa do que eu tinha ouvido até então. Para quem desconhece esse disco, vai aí a indicação, ouça!. Pois é um excelente disco com sonoridade típica da época, super bem trabalhado e com os vocais ainda tímidos de Roger Hodson e Rick Davies, porém muito emotivos entoando belíssimas harmonias.

A bem da verdade, o interesse comercial esteve presente já na fundação: No final dos anos 60, um milionário holandês que conhecia Rick (Richard) Davies propôs financiar-lhe uma nova banda. Tratava-se do THE JOINT e do milionário holandês Stanley “Sam” August Miesegaes. Sam achava o tecladista da banda, Rick Davies, promissor, então o incentivou a fazer outro grupo. Um classificados na revista Melody Maker atrai (Charles Roger Pomfret Hodgson) Roger Hodgson, baixista e vocalista, Richard Palmer, guitarrista e vocalista, e Keith Baker, percussionista, que logo formam a banda DADDY, que para evitar confusões com a banda ‘DADDY LONG-LEGS” muda o nome para SUPERTRAMP. Richard Palmer-James e Robert Millar foram contratados mas participaram só desse álbum. Hodgson, ao contrário, passou a dividir as composições e a liderança. Apesar de virem de passados radicalmente diferente, Davies e Hodgson se complementam bem e começam a compor melodias, deixando o trabalho de escrever as letras para Richard Palmer, o que não foi muito de seu gosto. O álbum de estreia foi muito bem recebido pela crítica, mas foi um fracasso de vendas.

O Supertramp misturou alguns elementos artísticos de vanguarda que poucos mexeriam. Existem problemas no álbum: basicamente, Richard Palmer não se encaixa de jeito nenhum, a guitarra dele é pouco utilizada e o vocal dele é fraco, ainda mais se comparado ao Hodgson sozinho, com um falsete vulnerável mas que sabe pegar potência, e à quando Hodgson e Davies cantam juntos, harmonicamente insuperáveis; existe uma frequência grande de baladas; e Davies insiste no flajolé, uma espécie de flauta peruana que pode desagradar alguns ouvintes. Fora isso, o baixo do Hodgson simplesmente faz todas as músicas terem uma profundidade interessante e a bateria do Keith Baker sabe o que fazer nas horas certas, dando espaço para os outros instrumentos mas também mobilizando as músicas no caminho certo.

Quanto a construção do álbum, ele tem umas armadilhas inteligentes desenhadas para pegar o ouvinte de surpresa. A primeira faixa, “Surely”, começa sem introdução e apresenta todos os elementos que o SUPERTRAMP utiliza em quase toda a sua carreira, apenas para ter uma reprise dela para fechar o álbum, agora que o ouvinte está mais acostumado ao som específico da banda. Das baladas, um destaque é “Home Again”, um violão acústico com a voz do Hodgson que cria uma tonalidade de intimidade bem ímpar para o momento do disco. Quanto a vocal, “Nothing to Show” é a primeira música do Hodgson cantando com Davies e é um espetáculo desde o início, tendo uma bateria fantástica servindo como base desde o início da música. A melhor faixa do disco para muitos ouvintes é “Try Again”, possivelmente a mais famosa do álbum e com longa duração pois é uma junção de vários solos com a intenção de improvisar ao vivo. O gancho do vocal é reconhecível e interessante, mas o mais importante é o Rock-Jazz da marca dos quatro minutos com teclados, baixos e guitarras fazendo solos diferentes, ficando um pouco dissonantes, mas não dissonante o suficiente para causar desconforto. O baterista também faz o que quer nessa faixa.

Enfim, um disco surpreendente que para quem nunca ouviu há 2 chances: odiar pois não é o 
SUPERTRAMP clássico ou amá-lo como mais um disco de Rock 70 bem formulado e bem executado. Enjoy!!!

Fonte: 80 Minutos

Faixas:
All music written by Rick Davies/Roger Hodgson, all lyrics by Richard Palmer.
01. Surely - 0:30
02. It's A Long Road - 5:30
03. Aubade/And I Am Not Like Other Birds Of Prey - 5:14
04. Words Unspoken - 3:58
05. Maybe I'm A Beggar - 6:44
06. Home Again - 1:08
07. Nothing To Show - 4:53
08. Shadow Song - 4:22
09. Try Again - 12:01
10. Surely - 3:07

Banda:
Rick Davies: organ, harmonica, all pianos, lead vocals (07)
Roger Hodgson: acoustic guitar, bass, cello, flageolet, lead vocals (01-10)
Richard Palmer: all guitars, balalaika, lead vocals (05,08,09)
Robert Millar: drums, percussion, harmonica

   

Um comentário:

  1. Um disco muito bom apesar de, como foi ressaltado e até por ser o primeiro e, claro, com todas as incertezas de que se teriam verdadeiramente uma carreira, o grupo caprichou e é um álbum de audição muito prazerosa.
    Os vocais, marca registrada tanto de Hodgson quanto de Davies, já se apresentam com a qualidade de sempre.

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