segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

MARILLION ■ Misplaced Childhood ■ 1985 ■ Inglaterra/Reino Unido [NEO-PROG, ROCK PROGRESSIVO]

 
Eis aqui um dos disco que mais gosto e que me lembra uma época de muitas descobertas na música. Até então eu ouvia Heavy Metal, Hard Rock, música Pop (de FMs), Pós-Punk, New Wave, Rock Brasil e otras cositas mas, porém tinha uma imensa curiosidade de entender do que se tratava o Rock Progressivo e ao ver alguns vídeos do MARILLION na TV gostei logo de cara e eram exatamente vídeos de 3 músicas desse disco: "Kayleigh", "Lavender" e "Heart of Lothian". Foi amor à primeira ouvida e vista. Passeando pelo Barra Shopping aqui no Rio, entro em uma loja e me deparo com o disco, pasmem!, capa dupla nacional, não pensei duas vezes e comprei. Foi uma paixão avassaladora que me fazia ouvir o disco 3 a 4 vezes seguidas e de quebra lendo as letras no encarte interno. Isso foi no final de 1986 e meses depois adquiri num sebo de discos usados as preciosidades "Foxtrot" do GENESIS e "Fragile" do YES, que eu considero meus primeiros discos de Progressivo "clássico", já que o MARILLION está no âmbito do Neo-progressivo, uma vertente surgida no início dos anos 80.

Vamos ao disco.  Em 17 de Junho de 1985 chegava às lojas o terceiro LP do grupo MARILLION. Não era um momento muito bom para o Rock Progressivo, porém um grande ano para a música Pop e para a música em geral. A New Wave "mandava" nas rádios e os astros lançavam discos de sucesso embarcando numa onda Pop que lhes rendeu fortunas, como foi o caso de Phil Collins, Rod Stewart Elton John e outros tantos. Foi o ano de estreia da VH1. O ano em que canções como “Shout” (TEARS FOR FEARS), “Take On Me” (A-HA) e “I Want To Know What Love Is” (FOREIGNER) dominaram as paradas. Mas para a cena Prog era um período complicado. Vários artistas haviam caído no esquecimento. Os que haviam sobrevivido (RUSH, GENESIS, YES) haviam adaptado seu som à linguagem da nova era, com arranjos menos complexos, forte presença de sintetizadores, uma pegada mais comercial

Só que o universo da música é totalmente imprevisível. Quando ninguém bota mais fé, algo acontece. E foi exatamente isso o que aconteceu com o MARILLION. "Misplaced Childhood" foi para o topo das paradas, graças ao megahit “Kayleigh”. Apesar da faixa em questão ser uma balada com acento pop, o disco, contudo, não era exatamente comercial. Não era um disco de hits. Pelo contrário, trata-se de um trabalho conceitual, com músicas interligadas, diversas quebradas de tempo. Até havia uma influência pop, mas era bem mais sutil do que os demais grandes grupos vinham fazendo naquele momento. Fish, cantor da banda na época, costumava dizer que o disco tinha duas músicas: lado A e lado B.

Aliás, o conceito do álbum nasceu da cabeça dele. Para ser mais exato, em uma ‘viagem’ dele. A visão veio durante uma viagem de ácido, conforme reconheceu o músico. O disco, é conceitual. Conta a história de um garoto que tem sua história marcada por tragédias, como a morte de um de seus melhores amigos, e se vê tendo que aprender a lidar com sentimentos fortes como depressão e angústia. O garoto aparece na capa do disco conforme surgiu na mente de Fish durante sua viagem lisérgica: vestido de soldadinho.

Embora a história seja fictícia, Fish inseriu alguns elementos autobiográficos na narrativa. “Kayleigh” fala sobre lidar com o fim de um forte relacionamento. O nome é inspirado no nome de uma de suas ex-namoradas, Kay Lee. Outro exemplo é “Heart of Lothian”. Aqui, o cantor declara “I was born with the heart of Lothian”. Pois bem... O cantor é escocês e nasceu em uma região chamada Midlothian. Coincidência? Na verdade, não...

Durante muito tempo, o grupo foi perseguido e acusado de ser uma espécie de GENESIS de segunda categoria. Pura implicância. Os músicos são muito bons! GENESIS (fase Peter Gabriel) é uma de suas influências. Mas a banda era mais do que isso. Havia referência de outras bandas em seu som, como PINK FLOYD, por exemplo.

O material foi gravado no Hansa Tonstudio em Berlim e contou com a produção de Chris Kinsey (Rolling Stones, Peter Frampton, Jimmy Cliff). Tudo foi programado, estudado por A+B. Os músicos queriam o disco perfeito. A história, obviamente, tinha que ter sentido, mas as passagens instrumentais também. Mudanças eram feitas à todo momento. “Lords Of The Backstage”, por exemplo, havia sido criada para ser uma sequência de “Lavender”, mas no ultimo segundo, foi decidido que ela deveria seguir “Waterhole”. Decisão que obrigou Mark à ter que criar novos elementos aos 45 do segundo tempo.

Misplaced Childhood é um belíssimo álbum, que também tem sido relançado em vários formatos, inclusive em CD quádruplo trazendo shows da época. Fish dá um show à parte em sua interpretação vocal. Steve Rothery (guitarra) e Mark Kelly (teclados) também roubam à cena. São os principais responsáveis por toda a atmosfera do LP.  Faixas de destaque: "Pseudo Silk-Kimono", “Kayleigh”, “Lavender”, “Childhood´s End” e “Bitter Suite”. Com certeza um disco para guardar no coração. Enjoy!







Faixas:
All music by Mark Kelly, Ian Mosley,Steve Rothery and Pete Trewavas; all lyrics by Fish.
01. Pseudo Silk Kimono - 2:14
02. Kayleigh - 4:03
03. Lavender - 2:27
04. Bitter Suite - 7:56 including:
a). Brief Encounter
b). Lost Weekend
c). Blue Angel
d). Misplaced Rendezvous
e). Windswept Thumb
05. Heart Of Lothian - 4:01 including:
a). Wide Boy
b). Curtain Call
06. Waterhole (Expresso Bongo) - 2:12
07. Lords Of The Backstage - 1:52
08. Blind Curve - 9:29 including:
a). Vocal Under A Bloodlight
b). Passing Strangers
c). Mylo
d). Perimeter Walk
e). Threshold
09. Childhoods End? - 4:32
10. White Feather - 2:20

Banda:
 Fish - vocals
- Steve Rothery - guitars
- Mark Kelly - keyboards
- Pete Trewavas - bass
- Ian Mosley - drums

 

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